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Perguntas e respostas

"Antes era difícil encontrar pessoas tatuadas na rua, mas hoje é difícil não encontrá-las". Perdi as contas de quantas vezes essa frase foi dita enquanto coletava informações, relatos e depoimentos para fazer este trabalho.

 

Não existe ainda um censo que informe a porcentagem de pessoas tatuadas no Brasil. O único levantamento feito no país foi realizado pela revista Superinteressante em 2013. 

 

Devido à pesquisa, sabe-se que pelo menos 80 mil brasileiros são tatuados - número aproximado de ouvidos pela revista - e que 2,8 é a média de tatuagens por pessoa. A maioria dos entrevistados tem idade igual ou inferior a 25 anos (58,1%), é mulher (59,9%), branco (73,9%), solteiro (66,2%), tem religião (56%) e está fazendo faculdade ou já é formado (43,5%).

 

Levando em consideração os dados do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2014, o qual aponta que o Brasil possui cerca de 202 milhões de habitantes, a pesquisa representa apenas 0,04% dos brasileiros. Entretanto, ela quebra paradigmas, pois revela que os tatuados não são os vagabundos, rebeldes e marginais que o senso comum defendia. Eles são estudantes e trabalhadores. Médicos, advogados, professores, jornalistas, cientistas, engenheiros, artistas.

 

Mas o que leva as pessoas a "macularem" o pele? A busca por uma estética agradável, para contar uma história, porque surgiu a oportunidade ou por achar legal.

 

Outras perguntas ainda circundam os tatuados. E se você se arrepender depois? E se você enjoar? E quando você envelhecer? E como você vai fazer para procurar emprego? Você não sofre preconceito? Esse desenho significa alguma coisa? Dói? 

Uma agulha arranhando a pele constantemente por mais de uma hora, inevitavelmente vai doer. Mas existem partes do corpo mais ou menos sensíveis à dor.

 

Para o arrependimento ou enjoo, existem técnicas de remoção e cobertura. Envelhecer e ter tatuagem significará apenas ter um corpo marcado pela idade e pela arte. 

 

O mercado de trabalho também está se tornando mais receptivo quanto às tatuagens. Entretanto, para aquelas profissões mais conservadoras e tradicionais, a solução é fazer o desenho em um local em que se possa esconder com a roupa.

 

Toda marca no corpo possui um significado. Independente de ele ser mais intenso ou banal, a opção de compartilhar ou não essa informação é da pessoa que carrega o desenho ou cicatriz. 

 

O preconceito já é algo que não tem como controlar. Ele surge de ideias preconcebidas e a única coisa que o tatuado pode fazer é mostrar como aqueles rótulos estão equivocados. Acabar com o preconceito só depende da disposição do próprio preconceituoso em aceitar ou não rever suas crenças.

 

As respostas são exaustivamente repetidas, mas o eco faz com que pouco a pouco a tatuagem perca o estigma negativo e seja aceita como uma forma de apropriação do corpo, suporte da arte comunicação.

 

Ela não define caráter ou moral. No máximo, representa um traço de identidade. Não faz uma pessoa melhor ou pior que a outra. Apenas evidencia as diferenças ou similaridades de mentalidade e estética entre um grupo de pessoas. Não é sinal de rebeldia. Quando muito, é coragem.

Tatuagem não é uma questão de certo ou errado. É uma aposta cujo resultado pode ser satisfatório ou não a curto ou longo prazo. Resta ao apostador saber lidar com as consequências no futuro.
 

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