
A valorização de um artista
André Sehn, 37anos
Artesão
Ser artista é estar envolvido em produção e criação de uma obra. No princípio, ela encanta pela beleza da arte, que gera a ambição de possuí-la. Acontece com esculturas, objetos, livros, músicas, desenhos, pinturas, tatuagens.
“A primeira vez que eu me tatuei foi lá na cidade onde eu me criava, Porto Alegre, com um amigo do bairro, o Bola. Escolhi um desenho na hora e fiz, um duende. Aí, tinha um conhecido que desenhava e criou um que eu gostei, de uma torre com um dragão. Então coloquei junto com o duende e montei a tatuagem”.
A vivência, porém, muda a mentalidade e a percepção do ser humano, a forma de enxergar as coisas. Viajar, então, amplia ainda mais os horizontes, alarga as fronteiras, traz conhecimento. Foi das viagens que veio o descobrimento dos Estados, da natureza e das etnias brasileiras.
“Eu comecei com os desenhos indígenas, rostos, um guarani e um xamã. Depois coloquei os animais junto: onça, tartaruga, sapo, arara, tubarão, peixe, polvo. E nesses intervalos entre um e outro, coloquei os traços e fui montando o braço”.
O contato com as aldeias de índios trouxe a admiração pelos costumes das tribos. Dentre eles, o de se tingir. “Todo indígena se pinta pra fazer oferenda para os deuses, que são os traços pretos e amarelos, e antes de ir para caça ou guerra, que são os vermelhos. Para isso, eles tem vários desenhos”.
Conectando, assim, tradição e arte, estimula-se novas concepções. “Eu gosto muito da criação do tatuador. O cara pega ali o desenho, fica olhando e faz outro em forma de ponto na mesma hora. Isso é o que me fascina, o dom de criar. Isso é o que é ser artista”.
Invenções que tem como base apenas a ideia, os estilos de tatuagem, a técnica. “Eu prefiro mais o realismo, que são desenhos mais reais, que é diferente do tribal, que são só aqueles traços pretos que dão um formato. No realismo vai cores, apesar de eu pegar muito sol, o que tira o brilho das tintas, principalmente das mais claras”.
Uma arte participativa, pois é feita da conversa entre o artista e o colecionador, emoldurada em uma tela móvel e flexível que, diferente de um quadro pendurado em uma parede, acompanha o comprador por onde ele passa, sejam calçadas, praças, cidades, Estados, o Brasil.