top of page

Contar histórias e experimentar

Dentre todos os clichês que se repetem no Jornalismo, está a justificativa pela escolha do curso. "Não gosto muito de rotina e adoro ler e escrever". Como muitos, também me enquadro neste padrão. Junte ele ainda outras duas máximas: contar histórias e experimentar.

 

Contar histórias, sejam elas reais ou inventadas, é a alma de qualquer um que deseja trabalhar com a palavra. Não há sensação mais prazerosa e estimulante.

 

Experimentar, porém, é mais um desafio e um objetivo. Bem, a verdade é que eu sou uma grande covarde no que diz respeito à minha vida. Entretanto, o cenário muda quando estou transvestida de jornalista. Coisas e atitudes inconcebíveis para a Luiza, pessoa aleatória no mundo, transformam-se em planejamento para a Luiza, projeto de repórter.

 

Foi assim, com mais o menos intensidade, na faculdade, no grupo de extensão, no intercâmbio, no estágio, no Trabalho de Conclusão de Curso.

 

No que diz respeito ao TCC, tinha uma certeza desde que pisei pela primeira vez na  UFC: não sou o tipo de "pessoa-monografia". Não... Não me vejo escrevendo um texto acadêmico. É impessoal demais para mim.

 

Pelo contrário, gosto de texto curtos, conversados, leves, e, se conseguir, divertidos e comoventes. Gosto tanto que, no auge dos meus 20 anos, uma das minhas escrituras foi confundida com a de uma garota de 15 anos.

Queria fazer um livro-reportagem. Imagina só... um livro publicado logo ao sair da universidade. Mas, depois de um tempo, os caracteres não eram suficientes pra mim. Eu me apeguei à imagem; mais do que isso ao produzir imagem.

Foi numa aula de Técnicas de Investigação Jornalística que surgiu a ideia de fazer um site. Teimosa que sou, me recusava a aceitar aquilo que todo mundo parecia já ter percebido: sou uma pessoa multimídia. Não aquelas que passam o dia grudada no smartphone e enas redes sociais - na verdade, nem gosto muito disso. Mas uma pessoa que tentava pensar em mídias diferentes e informação segmentada.

 

Também tinha a grande vantagem de ser uma plataforma democratiza o produto. Acessível a qualquer um que tenha um dispositivo capaz de se conectar à internet. E o que quer um jornalista além de ser lido?

Faltava o tema. Algo que funcionasse bem na três mídias mais usadas pelo menos: texto, foto e vídeo. 

 

A ideia de falar sobre tatuagem apareceu meio tímida. A tatuagem havia acompanhado minha formação desde o primeiro semestre: um ensaio que eu ajudei um amigo a fazer, um trabalho no intercâmbio, a primeira matéria no estágio.

 

Também havia os amigos marcados. Pessoas à prova de qualquer estereótipo que aproximaram a tatuagem do meu dia a dia e tornaram-na algo palpável, comum e natural.

Definitivamente, tatuagem era um assunto interessante. Eu só precisava buscar algo a mais. As matérias que eu via em revistas, TV e internet eram sempre sobre as mesmas coisas; os estilos de desenho e as técnicas. Às vezes ainda apareciam algumas coisas sobre regiões mais dolorosas de se tatuar, uma tatuagem sendo feita, equipamentos, significados de imagens, como evitar arrependimentos. Sempre coisas impessoais. 

Aquelas duas máximas voltaram a aparecer. Contar histórias e experimentar. Tentar perceber a essência de uma pessoa a partir das imagens que ela escolheu eternizar na pele e fazer isso de uma forma diferente, mais poética, literária e, porque não, fazer parte da narrativa.

 

Assim nasceu o “Marcado na Pele”, um teste de narrativas. Uma marca do fazer jornalístico.  Uma troca de pele da universitária que vira repórter.

 

 

Luiza Carolina Figueiredo

​© 2023 por VIDA URBANA. Orgulhosamente criado com  Wix.com

bottom of page