Dia 6 - Gravações

 

O sexto e último dia de visita oficial ao estúdio foi diferente dos demais: era um sábado de manhã. Dessa vez, apenas o Pedrim estaria tatuando e o Animal chegaria mais tarde para gravarmos um podcast.

 

O clima era de carnaval, mas o som era de reggae quando cheguei e encontrei o Pedrim acompanhado por três garotas e dois rapazes no estúdio. Elas eram francesas que vieram passar as férias no Brasil e eles os anfitriões. Além da folia, as europeias também aproveitaram a estadia em Fortaleza para gravar imagens no corpo.

 

Uma delas, Lucy, já havia feito um desenho no peito no dia anterior. Era algo parecido com um planeta com anéis ou, nas palavras de Pedrim, “uma viagem aí que eu desenhei”. 

 

A segunda, Coral, estava colocando um coral na costela. Tive que prestar atenção nela, afinal eu estaria riscando a mesma parte do corpo alguns dias depois. Analisando friamente, não parecia estar doendo muito. Mas também a figura dela era metade da que eu queria fazer.

 

Acho que o pior para a Coral não foi nem a dor, mas as piadinhas dos amigos que ficavam descrevendo detalhes inexistentes do desenho.

 

Pouco tempo depois foi a vez de Lili subir na maca. Ela faria “outra viagem do Pedrim”, essa parecida com um círculo meio steampunk. O local escolhido foi atrás da orelha. Importante ressaltar que as três francesas escolheram partes bastante sensíveis a dor para se riscarem: locais com a pele mais fina e próximas a ossos. Entretanto Lili parecia não sentir nada. Seu semblante era o de quem estava tendo um cochilo agradável.

 

Com os desenhos prontos, elas partiram rumo às outras praias do litoral nordestino e nós, que ficamos, fechamos a porta do estúdio e começamos a gravação. Desta vez, de áudio.